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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Debate sobre censura no Youtube

Campus Party: censura no Youtube gera debate em palestra sobre vídeos

Renato Bazan
por 
Da Campus Party Brasil 2014
A gigante Google resolveu participar da Campus Party com um seminário sobre os fatores de apelo nos vídeos do YouTube. Na palestra, o gerente de parcerias do YouTube Brasil, Federico Goldenberg, falou não apenas em como aumentar a audiência dos vídeos, mas seus faturamentos também. A conversa, no entanto, acabou sendo desviada para um assunto bem polêmico: o sistema ContentID.
Frederico Goldenberg deu dicas de como aumentar a visibilidade dos vídeos do YouTube (Foto: TechTudo/Renato Bazan)Federico Goldenberg deu dicas de como aumentar a visibilidade dos vídeos do YouTube (Foto: TechTudo/Renato Bazan)
Goldenberg contou sobre a própria experiência, anterior à existência do YouTube, como cartunista. “A única opção era vender o que você produzia para a TV, e era uma negociação muito desigual. Mesmo depois que a ANCINE passou as leis que obrigam os canais de televisão a terem cotas nacionais, a negociação continuou muito árdua”, disse. No pensamento dele, o YouTube promoveu uma grande democratização na distribuição de conteúdo independente do formato de vídeo.
O palestrante passou então falar do assunto principal de sua apresentação, e usou dois exemplos nacionais: o canal infantil Galinha Pintadinha e o de comédia Porta dos Fundos. Mais do que a própria qualidade do conteúdo que produzem (que também é importante), os dois canais fariam sucesso por causa do modelo de produção que adotam, que seguraria os visitantes depois do primeiro vídeo. 
Isso acontece porque há um planejamento: ter uma rotina de lançamento de vídeos, nos mesmos dias e horários, adotando um formato com elementos constantes; estabelecer um fluxo de produção escalável, aliando uma linha de montagem profissional com métodos paralelos que acelerem este processo; deixar, ao final de cada vídeo, links para outros vídeos do mesmo canal e incentivos para inscrição nesse canal. E o mais importante de tudo: é importante que o responsável por publicar os vídeos produza metadados da forma mais clara possível. Somente desta forma novos usuários entrarão em contato com novas produções.
Na parte de monetização, Goldenberg começou falando sobre o comportamento do site em torno da publicidade dentro do vídeo. O algoritmo de exibição registra a publicidade apenas se o usuário assistir até o final, e começa a diminuir a frequência dessas exibições se muitos usuários "cortam" a exibição. A dica, nesses casos, é ficar de olho no comportamento de quem visita os vídeos, alterando o tipo de publicidade nesse caso. 
Se possível, a entrada deve ser conectada com o conteúdo, ponto que fortalece a publicidade gerada por cada canal. E isso acaba aumentando a receita dos YouTubers dentro dela. Algumas oferecem até mesmo assistência jurídica, essencial depois dos escândalos de direitos autorais que vêm varrendo o YouTube desde 2013.
Ao abrir as perguntas, porém, o público questionou o palestrante exclusivamente sobre o sistema de censura ContentID. Por quase meia hora, perguntas sobre procedimentos para evitar a remoção de vídeos (e até canais inteiros) surgiram. E a resposta de Goldenberg foi essencialmente a mesma: entrar em contato com as empresas donas do conteúdo exibido durante o vídeo criado, mesmo que seja usado apenas por um segundo. O sistema é automático e bastante punitivo. Então o jeito é evitar usar conteúdo alheio, já que o YouTube faz apenas a ponte com a empresa.
Isso não apaziguou os presentes e novos casos de bloqueio questionável foram sendo colocados até que o palestrante admitiu: “Gente, qualquer processo que envolva humanos é passível de erros”. Ele citou o canal Nostalgia, que enfrentou um problema grave por causa de seus vídeos com conteúdo das décadas de 80 e 90, para contra-argumentar: “As empresas donas desse conteúdo podem retirar a queixa, então é preciso falar com elas”.
Para Goldenberg, o novo sistema de censura ContentID é positivo, já que consegue acalmar os setores jurídicos da indústria de entretenimento sem punir exageradamente os usuários. Ele lembrou que o bloqueio de conteúdo é opção do dono daquele conteúdo. Há empresas que optam por inserirem publicidade de forma silenciosa e outras que simplesmente usam a informação para fins de monitoramento. “O ContentID faz com que as pessoas que sobem conteúdo de cinema, por exemplo, deixem de ser consideradas ‘piratas’ para virarem promotores. Assim eles podem continuar fazendo o que gostam”, explicou.
Qual é a melhor atração da Campus Party 2014? Comente no Fórum do TechTudo.

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